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Será o fim da Pax Americana?

  • aoliveira17
  • há 2 dias
  • 5 min de leitura

São Paulo, 10 de abril de 2025.


Caros(as) cotistas e parceiros(as),


Será o fim da Pax Americana?

O mês de abril se inicia sob o signo da incerteza. Os anúncios recentes do governo Trump, em especial o chamado “tarifaço” – uma política de tarifas universais que impõe uma alíquota básica de 10% sobre todas as importações e taxas ainda mais elevadas a parceiros comerciais estratégicos, como a China (125%), a União Europeia (20%) e o Japão (24%) –, reacenderam debates sobre o papel dos Estados Unidos no tabuleiro global. A pergunta que ecoa entre analistas, investidores e líderes mundiais é inevitável: estaria a Pax Americana, esse período de relativa estabilidade sustentado pela hegemonia econômica e militar dos Estados Unidos, chegando ao fim?


A reação dos mercados foi imediata. Desde o anúncio no início do mês, as bolsas americanas e de outros países reagiram negativamente. Esta semana, o governo americano anunciou a suspensão por 90 dias do aumento tarifário além da tarifa básica de 10% (exceto para a China).


Há quem veja nas medidas de Trump o início de uma guerra comercial, com potencial para desencadear uma recessão global. O banco Goldman Sachs, por exemplo, elevou sua projeção de probabilidade de recessão nos EUA em 12 meses de 20% para 45%, citando dados econômicos mais fracos e os impactos esperados das tarifas, como mostra o gráfico abaixo:


No curto prazo, se implementadas, as tarifas podem elevar custos, pressionar a inflação e corroer margens de empresas, enquanto o consumo, motor da economia americana, pode sofrer com preços mais altos.


Além disso, é incerto o que se pode esperar do banco central americano (FED). Alguns economistas esperam que nos próximos trimestres, a inflação americana anualizada pode voltar a subir, à medida que as tarifas elevam os preços das importações e os produtores domésticos, protegidos da concorrência, aproveitam para aumentar seus preços. Essa incerteza com a inflação pode limitar o poder de atuação do FED. Nessa linha, os economistas do banco americano JP Morgan agora esperam que os Estados Unidos entrem em uma recessão no segundo semestre deste ano, com o PIB contraindo 0,3% (ante a expectativa anterior de um crescimento de 1,3%). O desemprego deve subir para 5,3%, o que pode contrabalancear o mandato duplo do FED, permitindo que os cortes se iniciem já no meio do ano.


Ao mesmo tempo, se o cenário de incerteza permanecer, a demanda pode recuar: empresas adiarão investimentos em meio à incerteza sobre a duração e o alcance das tarifas, bem como sobre o grau de retaliação estrangeira; os consumidores reduzirão gastos ao lidar com o que equivale a um aumento de impostos de cerca de US$600 bilhões. Isso ocorrerá mesmo que o Congresso compense as tarifas com cortes de impostos em outras áreas, devido ao atraso na implementação e ao fato de que famílias de baixa e média renda devem ser mais prejudicadas pelas tarifas do que beneficiadas por alívios fiscais.


Para o mercado de ações, o cenário também é incerto: se as empresas repassarem os custos mais altos das importações aos consumidores, a inflação será mais persistente e o FED menos amigável; se não conseguirem, as margens de lucro encolherão e os lucros desapontarão.

Mas seria esse o fim da Pax Americana ou apenas uma transição para um novo capítulo? Por aqui, preferimos olhar além do ruído imediato. Existe uma possibilidade razoável de que Trump estaria usando as tarifas majoritariamente como um instrumento de negociação, reduzindo o risco de impactos econômicos muito adversos no curto prazo.


As tarifas enfrentam ventos contrários poderosos: cadeias de suprimentos globalizadas não se realocam da noite para o dia, e a ameaça de retaliação pode gerar mais perdedores do que ganhadores no curto prazo.


Também, temos que analisar o que pode acontecer na China. As tarifas impostas pela administração Trump podem forçar uma redução de 2 a 2,5 pontos percentuais no crescimento do PIB e de 15 pontos percentuais nas exportações, devido à queda na demanda dos EUA, ao impacto no redirecionamento de exportações e a uma possível desaceleração global. Beijing, ciente do desafio desde o final de 2024, planeja usar estímulos fiscais para compensar os efeitos, mantendo a meta de crescimento do PIB em cerca de 5% para 2025. A resposta, porém, provavelmente será reativa, ajustada conforme o impacto econômico das tarifas se manifestar, e não apenas com base nas notícias, com medidas iniciais focadas em acelerar o plano fiscal e, se necessário, intensificar políticas de estímulo ao setor imobiliário.


A China também planeja retaliar com tarifas (já tendo anunciado um aumento na média tarifária de 18% para 104% sobre bens dos EUA), medidas não tarifárias, como investigações corporativas e controles de exportação, e restrições a importações agrícolas americanas. Enquanto isso, tenta resistir a pressões inflacionárias globais, evitando uma desvalorização acentuada do yuan (>10%) para manter estabilidade e se posicionar como uma força global estabilizadora. Apesar da tensão, Beijing mantém a porta aberta para negociações, como indicado por ações como reuniões com empresas americanas e a extensão de prazo para o TikTok, sugerindo que um acordo, embora difícil, ainda é possível e poderia reverter rapidamente o sentimento do mercado.


A longo prazo, as tarifas de Trump podem forçar uma mudança no modelo de crescimento da China, reduzindo a dependência de exportações e manufatura e priorizando a demanda interna, especialmente o consumo, como ocorreu em períodos anteriores (2002, 2009 e 2021). Embora o impacto das tarifas seja significativo, uma recessão em 2025 é improvável, já que Beijing usará a demanda doméstica para mitigar os efeitos. Essa transição, embora desafiadora, pode redefinir a economia chinesa, equilibrando-a entre demanda externa e interna em meio a um cenário global turbulento.


Para o Brasil, o impacto é ambíguo, mas limitado. A tarifa de 10% sobre nossas exportações é negativa, mas menos severo que o aplicado a outros países. Setores como o agronegócio podem encontrar oportunidades se a guerra comercial abrir brechas em mercados antes dominados por produtos americanos. Por outro lado, uma desaceleração global pesa sobre commodities e pode limitar nosso crescimento. De qualquer forma, o nível de preços e posicionamento sugerem que os impactos nos preços dos ativos brasileiros podem ser mais limitados.


Posicionamento

Dahlia Total Return: Diminuímos a exposição total da estratégia, reduzindo ações nos Estados Unidos. No Brasil, trocamos parte da posição comprada em ações por uma exposição em juros. Seguimos principalmente com posições ativas em ações no Brasil e em juros no Brasil.


Dahlia Global Allocation: As movimentações foram semelhantes às do Total Return, reduzindo exposição em geral em ações e moedas. Apesar da redução do risco e da volatilidade, nossa carteira é focada em ações internacionais e aplicadas em juros.


Dahlia Ações: Seguimos 95% comprados em ações no Brasil, em linha com o mandato do fundo. Não fizemos grandes alterações na carteira e seguimos posicionados principalmente em bancos, utilities e cíclicos domésticos.


Agradecemos a leitura, a escuta e a confiança,

Equipe Dahlia


+55 11 4118-3147
















CRÉDITOS FINAIS:

Imagem: Grok

Gráfico 1: Goldman Sachs


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