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AHOY, MATEY

São Paulo, 05 de novembro de 2019.


Caros cotistas, investidores e parceiros,


Barbas por fazer, papagaios nos ombros, tapa olhos, pernas de pau e famas de mau. Quem já leu ou viu filmes sobre piratas com certeza se deparou com algumas dessas características nos personagens principais.


Foi o escritor escocês Robert Louis Stevenson que na obra “Ilha do Tesouro” apresentou em 1883 as caricaturas de seus personagens, que se tornariam padrões para as futuras gerações de piratas nas telas e nos livros.


Na história, o adolescente Jim Hawkins narra sua saga, em busca do tesouro perdido do lendário Capitão Flint. Conquistas, traições, companheirismo, lutas e bebedeiras marcam o enredo da trama. Mas não seria uma história de piratas se não houvesse um grande tesouro. As joias, moedas e ouros do Capitão Flint deveriam valer hoje o equivalente a US$2 bilhões!


A nossa ilha do tesouro

A aprovação final da reforma da previdência será um legado que marcará a história do governo atual. Contudo, a Quarta Virada e a revolução liberal permitem mudanças que sejam ainda mais profundas e transformacionais para o futuro do Brasil.


Na Dahlia, achamos que há vários eventos muito relevantes passando despercebidos pelos olhos da mídia e dos analistas de mercado. São eventos que têm um impacto significativo nas contas do governo, reduzindo a dívida pública federal, ou que podem voltar a estimular nosso crescimento.


A lista dos grandes tesouros brasileiros é extensa. Porém elencamos aqui três eventos que discutiremos em maiores detalhes nos próximos parágrafos: 1. Uma reforma da previdência

extra, 2. Imposto sobre riqueza, e 3. O novo mercado de hipotecas.


Uma reforma da previdência extra

O leilão de petróleo da cessão onerosa, que ocorrerá no início de novembro, será o mais importante da história do Brasil. Não tanto por seu tamanho (10 bilhões de barris), mas sim

pelo potencial arrecadatório que esse leilão trará. A empresa (ou consórcio) vencedora deverá pagar mais de R$100 bilhões em bônus antecipatórios e a vencedora será aquela que oferecer a maior parcela dos lucros que irá ao governo.


A produção de petróleo no Brasil está em um ponto de inflexão. Depois de anos praticamente estáveis e com o início do Pré-Sal, a produção de petróleo poderá mais do que dobrar nos próximos dez anos.


Isso tem um grande potencial de geração de impostos ao país. Estimamos que as receitas arrecadadas com petróleo sairão de 5,5% do PIB para 9,0% em 10 anos. Em termos de valor presente, isso pode representar mais de R$500 bilhões a mais de receita para o governo, equivalente a quase 60% da economia da reforma da previdência. Sem a necessidade de qualquer

aprovação no Congresso.


O verdadeiro imposto sobre a riqueza

Desde meados de 2016, a taxa SELIC vem caindo e o processo foi retomado em julho pelo atual Banco Central. Para nossos leitores, a queda da taxa SELIC não deveria ser um tema desconhecido, uma vez que tem sido a nossa grande tese de investimento dos últimos doze meses.


Hoje, está na moda dizer que os juros irão cair ainda mais. Porém, um ponto menos comentado nesse debate é qual o impacto sobre o resultado fiscal por conta da queda das taxas de juros. Olhando mais a fundo as contas do governo, percebemos que os gastos com juros já caíram R$100 bilhões para R$301 bilhões por conta da redução da taxa de juros.


Sob uma outra perspectiva, a queda dos juros acaba impactando os mais ricos, donos da poupança no país. 75% da dívida pública brasileira está nas mãos de bancos, fundos de investimento e de previdência. À medida que a taxa de juros cai, é quase como se o governo implementasse um imposto sobre riqueza. Se comparado desde o início do ciclo de queda de juros em 2016, estimamos que esse imposto já esteja próximo a 1-1,5% ao ano do patrimônio dos mais ricos.



Cortes adicionais deverão trazer R$100 bilhões a mais de economia nos gastos com juros nos

próximos trimestres. Isso aumentará ainda mais esse suposto imposto sobre a riqueza e reduzirá os gastos do governo.


E os gringos? Hoje, por conta das grandes mudanças de política econômica que o país passou e pela queda recente das taxas de juros, o investidor estrangeiro detém apenas 11,4% dos títulos públicos brasileiros. Esse número já foi próximo a 20%. Historicamente, o principal produto de exportação do Brasil não foi soja e nem minério de ferro, mas sim juro real. O paraíso dos rentistas, locais ou estrangeiros, acabou.


Um novo mercado de hipotecas

O Brasil possui mais de 60 milhões de domicílios, com um valor combinado de mais de R$12 trilhões, de acordo com o IBGE/BCB.


Nos EUA o mercado de home equity (hipoteca de casas já existentes como garantia), supera os

US$15 trilhões, sendo uma importante e mais barata alternativa de crédito para os americanos financiar seu consumo ou investimento.


Mas, como isso funciona? Bancos, ao conceder empréstimos, fazem uma análise detalhada do risco de não pagamento. Salário, inadimplência passada, emprego e uso de cartão de crédito são todos levados em consideração. Isso permite ao banco criar um ranking de bons pagadores, determinando qual o custo, prazo e montante a serem emprestados.


Um dos grandes fatores redutores do custo de crédito é a oferta de garantias. Essas podem ser

físicas (um imóvel) ou não (um recebível). Historicamente, o mercado de hipotecas no Brasil não se desenvolveu por vários fatores, como a dificuldade de recuperação do imóvel e a própria queda de preços das casas nos últimos anos.


Em uma apresentação recente, o presidente do Banco Central, Roberto Campos, disse que esse

mercado poderia liberar R$500 bilhões de recursos para a economia brasileira, equivalente a 8% do nosso PIB, sem contar o efeito multiplicador do uso desses recursos.


Ao oferecer seu imóvel já quitado como uma garantia real, o tomador do empréstimo de hipoteca consegue um custo equivalente a 1/10 do crédito direto ao consumidor. Esta é uma diferença brutal e poderia ser uma grande alavanca de estímulo para nossa economia.


O passado

Os mercados operaram em alta no último mês (+2.4% no Ibovespa), principalmente por conta

da ação dos bancos centrais (o Fed, banco central americano, cortou os juros em mais 25 pontos base) e de uma aparente trégua na disputa comercial entre EUA e China.


Os dados de crescimento econômico mundial começam a apresentar sinais de estabilização,

mas ainda não podemos afirmar que exista uma recuperação em curso. Por outro lado, o risco de uma recessão na economia americana, por ora, parece afastado.


E o futuro?

O mapa dos grandes tesouros no Brasil tem vários “X” em vermelho. Além dos que levantamos, existem vários outros, como reforma administrativa, tributária, pacto federativos, liberação de terras para estrangeiros, entre outros. Esse conjunto da obra corrobora a nossa visão positiva para os ativos brasileiros.


Desde o início em maio/18, o retorno acumulado do Dahlia Total Return foi de 42,4%, equivalente a 470% do CDI e Ibovespa + 2,7% (líquido de taxas), mas com um risco 52% inferior.


Obrigado pela confiança,


Dahlia Capital

+55 11 4118-3148



Créditos finais:

Fotos: Depositphotos









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