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O Retorno do Rei

"Das cinzas, um fogo será despertado,

Uma luz surgirá das sombras;

Renovada será a lâmina que foi quebrada,

O sem coroa novamente será rei."

— Galadriel, O Retorno do Rei


São Paulo, 07 de Janeiro de 2025.


Caros(as) cotistas e parceiros(as),


Mar-a-Lago - Em 1985, Donald Trump adquiriu Mar-a-Lago, uma imponente propriedade em Palm Beach, Flórida, por US$ 10 milhões. Construída originalmente por Marjorie Merriweather Post, descendente da família fundadora dos cereais Post, a mansão havia sido doada ao governo dos Estados Unidos, mas tornou-se um fardo financeiro sem uso definido. Foi então que Trump enxergou uma oportunidade única.


Ao contrário dos clubes tradicionais de Palm Beach, exclusivos para círculos sociais restritos, Trump transformou Mar-a-Lago em um espaço sofisticado, porém acessível a uma elite mais ampla. Com apenas 500 membros, o clube se tornou sinônimo de status, oferecendo eventos exclusivos, infraestrutura luxuosa e serviços personalizados.


Durante sua presidência, Trump batizou o local como a “Casa Branca do Inverno”, elevando sua importância política e diplomática. Hoje, ele se refere a Mar-a-Lago como o “centro do universo”, um ponto de encontro para magnatas, políticos e celebridades – até mesmo Bill Gates já buscou um lugar à mesa. O presidente-eleito estima que a propriedade valha entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão, mas garante que não está à venda.


Terra Média. No filme O Retorno do Rei, último capítulo da trilogia O Senhor dos Anéis, a Terra Média atravessa seu momento mais sombrio e decisivo. Frodo e Sam avançam por Mordor, carregando a responsabilidade de destruir o Um Anel na Montanha da Perdição. Enquanto isso, Gondor enfrenta o ataque brutal das forças de Sauron. A cidade de Minas Tirith está sob cerco, e a derrota parece iminente. Mas é nesse cenário de caos que Aragorn, o herdeiro legítimo do trono, finalmente abraça seu destino. Após liderar os exércitos remanescentes em uma última investida contra as forças de Mordor, ele é coroado Rei de Gondor e se une a Arwen, marcando a aliança entre humanos e elfos.


Um líder retorna ao seu trono, um reino se reestrutura e um novo ciclo se inicia.


Mundo Multi x Unipolar

No dia 20 de janeiro, Donald Trump tomará posse como o 47º presidente dos Estados Unidos. O mercado estará atento a seu discurso inaugural, que deve estabelecer as diretrizes de seu novo mandato. Espera-se que sua retórica reforce o lema America First, enfatizando tanto a política econômica quanto a segurança nacional.


Uma das primeiras grandes questões será a possível imposição de tarifas sobre importações. Nos sites de apostas, a probabilidade de Trump anunciar novas tarifas dentro das primeiras 48 horas após a posse é de 51%. Entre os países mais suscetíveis a essas sanções estão China, México, Canadá e Brasil.


O impacto dessa política protecionista pode ser profundo. Caso Trump intensifique medidas que priorizem os interesses econômicos dos EUA em detrimento da integração global, o mundo pode se tornar mais fragmentado, acelerando a tendência de multipolaridade. Nesse cenário, outras potências e blocos regionais podem buscar maior autonomia e alianças estratégicas alternativas, reduzindo a influência absoluta dos Estados Unidos.


Por outro lado, há uma tese oposta: um mundo mais unipolar, onde os EUA reafirmam sua posição dominante. O estilo confrontacional de Trump pode desencorajar desafios diretos à liderança americana, consolidando ainda mais o poder econômico e tecnológico dos EUA. Além disso, fatores estruturais podem favorecer essa concentração de poder.


O gráfico a seguir ilustra a evolução do PIB dos Estados Unidos em comparação com a soma das economias da China, União Europeia e Japão. A tendência recente mostra uma clara aceleração do crescimento americano.


Fig 2. evolução do PIB dos Estados Unidos X soma do PIB da China, União Europeia e Japão

Essa dinâmica fortalece a tese de que a Pax Americana permanece vigente. Mais do que isso, a revolução tecnológica impulsionada pela inteligência artificial e a supremacia dos semicondutores de empresas como a Nvidia podem ampliar ainda mais essa vantagem competitiva.


Por que isso importa? Alguns estudos acadêmicos sugerem que um mundo mais multipolar pode gerar pressões inflacionárias. A justificativa é que um ambiente geopolítico mais incerto tende a elevar os preços das commodities e, consequentemente, a inflação global.


Ainda é cedo para afirmar se essa tese se concretizará. No entanto, os últimos dados sugerem que a inflação global segue em trajetória de desaceleração, mesmo que em ritmo mais moderado. A economia americana também está sendo favorecida por um aumento de ganho de produtividade, que deverá ajudar a conter pressões inflacionárias.


Outro fator crucial para os mercados é o comportamento das moedas. Historicamente, no longo prazo, moedas seguem o crescimento econômico de seus países emissores. O dólar tem se fortalecido consistentemente, refletindo o desempenho superior da economia americana. Caso essa supremacia se mantenha, a valorização do dólar pode continuar.


O problema? Um dólar excessivamente forte pressiona moedas de economias emergentes, elevando a inflação local e dificultando cortes de juros por parte de bancos centrais ao redor do mundo. Se essa dinâmica persistir, o atual ciclo de afrouxamento monetário pode ser interrompido – ou até revertido.


O gráfico abaixo mostra a trajetória do dólar frente a uma cesta de moedas, predominantemente de países desenvolvidos.


Fig.3 Performance do dólar vs. cesta de moedas (índice DXY)

Vale lembrar que, em 1985, um movimento semelhante levou à assinatura do Plaza Accord, um acordo entre EUA, Japão, Alemanha Ocidental, França e Reino Unido para desvalorizar o dólar, a fim de corrigir os desequilíbrios comerciais da época. Hoje, embora o dólar não tenha atingido os mesmos patamares de sobrevalorização de 1985, sua força já começa a gerar desconforto.


O Rei voltou. Será que veremos um novo acordo em Mar-a-Lago em 2025?


Posicionamento

Dahlia Total Return: Ao longo do mês, reduzimos a posição líquida de ativos brasileiros para um dos menores níveis da história do fundo. Reduzimos as posições em ações e aumentamos nossa posição comprada no dólar. Reduzimos um pouco a posição em ações americanas, por uma preocupação de curto prazo com o nível do juro futuro americano neste momento.


Dahlia Global Allocation: As movimentações foram semelhantes às do Total Return, reduzindo um pouco a posição em ações americanas pelas preocupações de curto prazo com o juro futuro, além de aumentar a posição comprada em dólar contra o real. A tese de excepcionalismo americano segue viva, e mantemos posições ativas em ações de bancos e tecnologia.


Dahlia Ações: Continuamos com a posição 95% comprada em ações no Brasil, em linha com o mandato do fundo. Não fizemos grandes movimentações na carteira, mantendo posições mais defensivas ou que se beneficiam de uma alta do dólar contra o real.


Agradecemos a leitura, a escuta e a confiança,

Equipe Dahlia


+55 11 4118-3147













CRÉDITOS FINAIS:


Imagem: Dahlia

Gráfico 1: Bloomberg e Dahlia

Gráfico 2: Bloomberg e Dahlia

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