“Can’t repeat the past? Why of course you can!” – Jay Gatsby São Paulo, 06 de abril de 2021. Caros cotistas, investidores e parceiros,
A vitória sobre uma pandemia. O final de uma guerra. Uma revolução tecnológica. Uma revolução cultural. Uma nova forma de se conectar com as pessoas. A celebração da vida. Um homem com um “extraordinário dom para a esperança”. Este era o cenário por trás do livro “O Grande Gatsby”, do escritor americano F. Scott Fitzgerald.
Escrito em 1925, o livro retrata a sociedade americana, representada pela cidade de Nova York, na década de 20. A obra teve algumas adaptações para os cinemas. Na última, de 2013, Leonardo DiCaprio interpreta o milionário Jay Gatsby, que tem uma obsessão por recuperar o amor de sua vida, Daisy, interpretada por Carey Mulligan, que neste ano concorre ao Oscar de Melhor Atriz, por “Bela Vingança” (“Promising Young Woman”).
Gatsby, um humilde ex-combatente do exército na Primeira Guerra Mundial, retorna alguns anos mais tarde para Nova York, após se tornar um misterioso milionário. Compra uma mansão na margem oposta à casa de Daisy, onde dá festas extravagantes, com a presença de celebridades e políticos. Gatsby passa a maior parte do tempo apenas observando as pessoas, com o único desejo de que Daisy, mesmo sem querer, apareça em alguma de suas festas e se impressione com sua riqueza. O filme mostra também aspectos culturais muito marcantes da época. O jazz, criado nas comunidades afro-americanas de Nova Orleans, ganhava rapidamente popularidade no restante dos Estados Unidos. As mulheres, convocadas para o trabalho no período da 1ª Guerra, ganhavam cada vez mais espaço na sociedade. A proibição do álcool vigorou pela década, apesar da abundância nas festas de Gatsby. Uma revolução tecnológica Entre os anos de 1913 e 1927, a Ford produziu mais de 15 milhões de modelos T. A melhora da linha de produção multiplicou a produção de automóveis por três e a consequente redução do preço permitiu com que a maioria das famílias americanas tivesse um automóvel. A indústria automobilística era o principal ícone da expansão econômica dos anos 20. Não só o crescimento da indústria promovia crescimento econômico, mas também dava uma mobilidade muito maior para as pessoas. Subúrbios e pequenas cidades se desenvolveram. Além disso, o consumidor americano emergia com força. A noção de que as pessoas tinham que trabalhar para ganhar além do necessário para sobreviver se difundia. As vendas a crédito aumentaram o poder de compra das pessoas. Inovações tecnológicas costumam criar mercados, especialmente em momentos posteriores a crises profundas. Vendas de eletrodomésticos, como torradeiras, aspirador de pó e máquinas de lavar elétricas, fomentavam a economia e davam às famílias um outro bem precioso: tempo. Tempo e dinheiro. Essa combinação permitiu que os americanos desenvolvessem uma outra indústria. A indústria do lazer. Hollywood teve uma rápida ascensão (o primeiro prêmio da Academia foi em 1929) e cerca de 75% dos americanos ia semanalmente ao cinema, iniciando também o culto às celebridades.
Essa pujança toda se refletia também nos mercados de ações. O índice de bolsa Dow Jones teve o melhor quinquênio de sua história nessa década, com uma alta acumulada de mais de 200%, conforme gráfico a seguir:
Sem ter que gastar esforços para reconstrução no período pós-guerra, a indústria americana exportava para o mundo os seus produtos. Isso teve um impacto significativo na forma como as transações entre os países aconteciam.
A libra-esterlina, moeda inglesa, era a moeda de referência na época. Desde o final das grandes navegações, a Inglaterra exercia sua hegemonia pelos cinco continentes. Porém, com o rápido crescimento da economia americana e, principalmente, de suas exportações, o dólar virou a referência mundial. Foi nessa década que os Estados Unidos se consolidaram por ter um PIB per capita maior que o da Inglaterra. Desde então, os Estados Unidos possuem o privilégio exorbitante de possuir a moeda de reserva do mundo. The roaring 2020s É difícil não fazermos comparações dos anos 20 do século XX com os anos 20 atuais. O mundo está superando a pandemia, da mesma forma que superou a gripe espanhola em 1920. A revolução tecnológica, que melhorou as linhas de produção, aumentou a produtividade do trabalho, incrementando a renda e criando tempo de lazer para as pessoas. O cinema floresceu, assim como hoje os serviços de streaming de vídeo ganham popularidade rapidamente. 60% das famílias americanas tinham rádio, facilitando a forma com que as pessoas se conectavam, assim como quase metade da população no mundo tem hoje um smartphone. As mulheres conquistaram mais liberdade. Poderiam trabalhar, beber publicamente e se vestir como quisessem. Estas mudanças nos costumes foram criando as bases para o desenvolvimento de movimentos por maior representatividade feminina em cargos de liderança e equidade de gênero, que ganham cada vez mais força nos dias de hoje. Além disso, a década atual vai vivenciar uma grande quebra de paradigma geracional, com a ascensão dos millennials. Do lado econômico, assim como o padrão ouro e a libra-esterlina foram abandonados um século atrás, as amarras fiscais das economias desenvolvidas estão sendo abandonadas. Possivelmente, isso pode significar um esforço muito maior dos governos em distribuir diretamente dinheiro para as pessoas, levando a um grande aumento de renda. Um boom financeiro e dos ativos reais, mas um mercado de baixa (bear market) para o dinheiro O passado Os mercados mantiveram uma volatilidade alta no mês de março. Apesar da recuperação das bolsas, as taxas de juros futuros continuaram subindo. Nos Estados Unidos, o índice da bolsa americana S&P500 subiu 4,2%, refletindo o otimismo com a recuperação da economia, reflexo da aceleração da vacinação no país. Por aqui, o Ibovespa também subiu 6%, apesar da piora da COVID, refletindo as altas das bolsas internacionais. Porém, a taxa de juros futura continuou a subir, refletindo uma maior preocupação com o cenário fiscal e econômico. O futuro Estamos passando pelo pior momento da pandemia no Brasil. Temos que nos manter atentos e cautelosos com nossa saúde. Esperamos que todos estejam bem. Na semana passada, o Brasil atingiu a marca de mais de um milhão de doses aplicadas em 24 horas. Em abril, o ritmo de vacinação deve acelerar ainda mais, mantendo-se alto até o fim do ano. A vacinação em massa deve ser celebrada. A recuperação econômica pode ter impactos positivos na vida social e política do país. O mundo está perto de vencer a pandemia. Esta década pode trazer ainda muitas surpresas positivas e estamos apenas no começo. Só esperamos que, desta vez, o final dela seja mais feliz que o dos anos 1920 e o do filme. Desde o início, o Dahlia Total Return teve um retorno acumulado de 82,5% (início em mai/18), o Dahlia Ações de 34,7% (jun/19) e o Dahlia Global Allocation de 34,9% (dez/19). Obrigado pela confiança, Dahlia Capital.
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