top of page

É a economia, estúpido!

São Paulo, 06 de junho de 2024.

Caros(as) cotistas e parceiros(as),


Bill Clinton, o 42º Presidente dos Estados Unidos, governou o país de 1993 a 2001. Sua administração foi marcada por um período de crescimento econômico forte, impulsionado por políticas de redução do déficit fiscal, avanços tecnológicos e uma criação de empregos robusta. Clinton também é lembrado por seu papel na assinatura do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) e por suas reformas em programas de assistência social. Sua habilidade em comunicar-se e construir consenso, tanto nacional quanto internacionalmente, deixou um legado significativo na política e economia global.


Um dos marcos de sua campanha presidencial foi usar a recessão americana de 1992 contra o então presidente George W. Bush. Em março de 1991, dias após o início da guerra no Kuwait, 90% dos americanos aprovavam o desempenho do Presidente Bush. No ano seguinte, a opinião dos americanos mudou drasticamente; 64% desaprovavam o desempenho do presidente em agosto de 1992.


“É a economia, estúpido” foi uma frase cunhada por James Carville, estrategista da campanha de Clinton, explicando a mudança na aprovação do governante. Assim, Carville criou uma mensagem clara e conquistou votos para o então jovem governador do Arkansas, de apenas 46 anos.


Neste último final de semana, os mercados foram surpreendidos pela eleição de Claudia Sheinbaum, como a primeira mulher a ser eleita presidente do México. A surpresa não veio pelo fato de ela ser mulher, uma vez que a segunda colocada Xóchitl Galvéz, uma bem-sucedida empresária mexicana, também é mulher. Também não houve surpresa na vitória em si, já que Claudia liderou as pesquisas durante toda campanha. A vantagem nas urnas e a eleição de maioria absoluta do partido MORENA na Câmara e no Senado é que surpreenderam os mercados e os analistas políticos.


Muitas teorias sobre o que aconteceu com a eleição no México serão elaboradas nas próximas semanas ou meses. Por enquanto, a nossa explicação simplista parece ser: “É a economia, estúpido”. O México vem passando por um ciclo positivo de crescimento, sustentado pela economia americana e pelo processo de near shoring. A disputa comercial com a China tem movido para mais perto dos Estados Unidos um pedaço da cadeia global de suprimento ao mercado americano. O México, pela sua proximidade e baixo custo de mão de obra é um natural beneficiário.


O gráfico abaixo mostra o índice de miséria (inflação + desemprego) para o México (quanto mais baixo, melhor). Ao longo dos últimos anos, o governo promoveu também um programa de forte valorização do salário-mínimo e a expansão de programas sociais. Não é surpresa então que o apoio popular ao presidente Lopes Obrador (AMLO) esteja tão alto, a ponto de sua sucessora ter tido uma votação tão expressiva, maior ainda do que o próprio AMLO obteve em 2018.

Aqui vale uma reflexão. Expansão de programas sociais e reajustes reais de salários são uma realidade brasileira há muitos anos, assim como a discussão sobre a trajetória das contas públicas. Após as eleições municipais, o debate sobre a eleição presidencial no Brasil deve esquentar. A depender do desempenho dos prefeitos dos partidos da base governista, a temperatura do debate fiscal pode permanecer alta.


Será que agora vai?

Em meados de maio, os mercados receberam bem as notícias que o governo chinês preparou um pacote de ajuda para o setor imobiliário. Poderia ter sido apenas mais um, além dos vários outros anunciados até agora. Porém, os pacotes anunciados no dia 17 de maio tinham duas diferenças importantes: 1) eram ordens dadas diretamente pelo governo central (e não pelos governos locais) e 2) endereçavam pela primeira vez a questão do estoque de casas não vendidas.


O mercado imobiliário na China vem desacelerando desde agosto de 2020, quando medidas mais restritivas foram anunciadas para conter a dívida excessiva das incorporadoras e promover a estabilidade financeira do setor. Com isso o capital dessas incorporadoras, que normalmente recebiam adiantado os pagamentos pelas casas, ficou mais restrito, levando a uma série de empreendimentos que foram vendidos, mas não entregues, pela construção incompleta. Esse choque fez com que as vendas caíssem e o estoque de casas (medido por número de meses de venda) subisse, conforme o gráfico abaixo.

Desde então, as medidas estimulantes do governo vieram mais na direção de reduzir as taxas de empréstimo e reduzir o valor pago antecipadamente, principalmente. Porém, em maio o governo anunciou um programa de US$41 bilhões, no qual as províncias locais devem comprar imóveis vazios para alugá-los depois. Essa medida endereça justamente o problema dos estoques, que poderia levar a uma melhor percepção de risco do setor.


Ainda é cedo para dizer se essas medidas surtirão efeito na economia chinesa e no restante da economia global, mas por enquanto recebemos sinais mistos dos mercados. Enquanto os índices de ações de empresas chinesas seguem em alta, os preços das commodities, especialmente o minério de ferro, têm mostrado uma dinâmica mais conservadora na demanda.


O passado

Em maio de 2024, o mercado brasileiro enfrentou uma série de desafios que resultaram em um desempenho negativo. A troca de CEO na Petrobras gerou incerteza e volatilidade, com os investidores preocupados sobre a nova direção da empresa, resultando em uma queda significativa nas ações e, como consequência, impactando negativamente o Ibovespa. Além disso, comentários do governo sobre questões fiscais e a meta de inflação aumentaram a percepção de risco fiscal, levando a um aumento de toda curva de juros e depreciação do real.


As taxas de juros globais aumentaram, especialmente nos Estados Unidos, devido a leilões fracos de títulos do governo americano e comentários de membros do Federal Reserve, que foram interpretados como altistas para os juros. Esse movimento global exacerbou o aumento de toda curva de juros no Brasil, elevando os custos de financiamento e influenciando negativamente os ativos de risco.


Além disso, o volume de negociação no mercado local foi baixo, refletindo a falta de convicção entre os investidores, elevando a volatilidade. Por fim, o Banco Central tem mantido uma postura cautelosa para controlar a inflação, o que ajudou a criar a expectativa de uma política monetária mais restritiva no Brasil, adicionando pressão sobre os mercados de renda fixa e variável.


O futuro

Os mercados seguem na esteira dos dados econômicos nos Estados Unidos e seus impactos na taxa de juros. Ainda vemos uma economia forte, mas que mostra sinais de desaceleração. O que parece estar se confirmando é o efeito Fujiwara, com ações de tecnologia subindo e preços de petróleo caindo.


No Brasil, apesar de a inflação ainda estar contida, em parte por uma pressão baixista dos preços das commodities, decisões políticas têm impactado negativamente preços de vários ativos.


Seguimos com uma posição balanceada, mas com um nível de riscos acima do que consideramos neutro, e com um viés de mais positivo para os ativos nos Estados Unidos.


Agradecemos a leitura, a escuta e a confiança,


Equipe Dahlia

+55 11 4118-3148














CRÉDITOS FINAIS:

Imagem: Dall-e

Gráfico 1: Bloomberg e Dahlia

Gráfico 2: UBS

1.518 visualizações

A Dahlia Capital Gestão de Recursos Ltda. (“Dahlia Capital”) é uma sociedade devidamente autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM para o exercício da atividade de administração de carteiras de valores mobiliários, na categoria “gestora de recursos”. As informações, materiais ou documentos aqui disponibilizados não caracterizam e não devem ser entendidos como recomendação de investimento, análise de valor mobiliário, material promocional, participação em qualquer estratégia de negócio, solicitação/oferta/esforço de venda ou distribuição de cotas dos fundos de investimento aqui indicados. A Dahlia Capital não realiza a distribuição de cotas dos fundos de investimento sob sua gestão e o investidor interessado deve iniciar relacionamento e/ou direcionar sua intenção de investimento junto aos distribuidores/plataformas indicados na aba "onde investir". As informações e materiais aqui dispostos não constituem assessoria ou consultoria jurídica, contábil, regulatória, fiscal ou de qualquer outra natureza em relação às alternativas de investimento e/ou assuntos diversos contidos nos documentos. A Dahlia Capital não se responsabiliza pela exatidão ou completude das informações, nem por decisões de investimento tomadas com base nas informações aqui contempladas. Algumas das informações aqui contidas podem ter sido obtidas de fontes de mercado. Mesmo com todo o cuidado em sua coleta e manuseio, a Dahlia Capital não se responsabiliza pela publicação acidental de dados incorretos, ou por quaisquer outros erros, omissões ou pelo uso de tais informações. As informações, materiais ou documentos aqui disponibilizados têm caráter meramente informativo e não consideram objetivos de investimento, situação financeira ou necessidades individuais e particulares de cada investidor, além de não conterem todas as informações que um investidor em potencial deve considerar ou analisar antes de investir em um fundo de investimento. Antes de investir, é recomendada ao investidor a leitura a lâmina de informações essenciais, se houver, o regulamento e os demais documentos regulatórios aplicáveis do fundo de investimento, notadamente o capítulo que trata sobre os fatores de risco a que o fundo poderá estar exposto (encontrados no site da CVM). O investidor deve sempre se basear, exclusivamente, em sua opinião e na opinião de profissionais especializados por ele contratados para opinar e decidir sobre os investimentos que melhor se enquadram em seu perfil, levando em consideração sobretudo os riscos e custos/taxas aplicáveis. Fundos de investimento mencionados neste documento podem utilizar estratégias com derivativos como parte integrante de sua política de investimento. Tais estratégias, da forma como são adotadas, podem resultar em significativas perdas patrimoniais para seus cotistas, podendo inclusive acarretar perdas superiores ao capital aplicado e a consequente obrigação do cotista de aportar recursos adicionais para cobrir o prejuízo do Fundo. Fundos de investimento não contam com garantia do administrador do fundo, do gestor da carteira, do custodiante ou de qualquer mecanismo de seguro ou ainda do Fundo Garantidor de Créditos – FGC. Não há qualquer promessa ou garantia de performance, sendo que eventual referência de rentabilidade passada ou histórica não representa garantia de rentabilidade futura. A Dahlia Capital não se responsabiliza por decisões, atos ou omissões do investidor ou de profissionais por ele consultados e/ou contratados.
 

PRIVACIDADE


O acesso e navegação a qualquer área deste site, a realização de aplicações em fundos de investimento cujas carteiras são geridas pela Dahlia Capital, o estabelecimento de relação comercial/contratual ou o fornecimento espontâneo de dado pessoal sob qualquer meio à Dahlia Capital são atividades sujeitas aos termos de nossa Política de Privacidade e Segurança da Informação. Recomendamos a leitura atenta e integral de referida Política antes de realizar qualquer uma dessas atividades. Em caso de dúvidas ou discordância com qualquer disposição de nossa Política, é possível entrar em contato com a Dahlia Capital por meio dos canais indicados na Política. No caso de investidores/cotistas de fundos sob gestão da Dahlia Capital, recomendamos que o contato seja feito diretamente com seu respectivo distribuidor/plataforma de investimentos. Ao acessar/navegar em nosso site, você autoriza a coleta de seus dados por meio de cookies nos termos e para as finalidades descritas em nossa Política.

Screen-Shot-2021-05-29-at-12.56_edited.p

Rua Joaquim Floriano, 940, cj. 11

CEP 04534-004 - São Paulo, SP.

11 4118-2784  |  11 4118 3143

  • Grey Instagram Ícone
  • Spotify
  • Ícone cinza LinkedIn
PRI Sig White.png
CDP_logo_Primary_White.png
Gestao-de-Recursos-Permanente.jpg
bottom of page